sexta-feira, 6 de setembro de 2013

sábado, 9 de outubro de 2010

Roubando o conto!

Wm qual sociedade vivemos e qual comum unidade fazemos?

O muro próprio

Denise comprou a casa. Perto demais da favela, mas sua. E tem quintal para os meninos. Falta só fazer o muro.
Ainda está arrumando a mudança quando vê o garoto, pouco maior do que os seus, com o revólver pendurado na cintura. Na frente da casa. Da casa sem o muro.

Chove forte. Ele tira a camisa e embrulha um pacote com ela. Fica com as costelas soltas no frio da tarde de julho. Tão magrinho, encolhido sob a chuva, sentado no chão molhado.

Faz o jantar e não agüenta. Chama o menino para comer um prato de feijão quente. Não posso sair daqui, tia. Então, ela faz o prato e leva para a rua. Ele conta que se chama Capeta e é olheiro do morro. Não pode arredar pé dali, tem que vigiar o caminho e disparar os fogos se a polícia aparecer ali embaixo, ali na curva, está vendo, tia? O problema é a chuva, que está molhando os fogos, guardados junto com o revólver dentro da camiseta. Tia, guarda pra mim?

Denise não pode, não quer encrenca, tem filho pequeno e um medo enorme. Entra em casa e vê quando, mais tarde, chega uma mulher envelhecida, muito provavelmente a mãe do Capeta. E pede tanto que ele vá para casa e ele só faz que não com a cabeça. Que idéia a da mãe, largar o ponto, não é homem disso.

Já está anoitecendo quando Denise fecha a janela e deixa o menino encolhido na chuva, a poucos metros da mãe, que também sentou no chão e vela a vigília do filho.

Amanhã vai procurar quem levante o muro. Mesmo sabendo que a tosse do Capeta vai atravessar todos os tijolos e se alojar no fundo do seu ouvido feito um tiro.

de Rosa Amanda Strausz

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Roubando música!

Há dez anos essa música entrou na minha vida, às vezes ela sai,mas sempre volta.

Ando Só, Humberto Gessinger/Engenheiros do Hawaii
ando só
pois só eu sei
pra onde ir
por onde andei
ando só
nem sei por que
não me pergunte
o que eu não sei

pergunte ao pó
desça o porão
siga aquele carro
ou as pegadas que eu deixei
pergunte ao pó
por onde andei
há um mapa dos meus passos
nos pedaços que eu deixei

desate o nó
que te prendeu
a uma pessoa que nunca te mereceu
desate o nó
que nos uniu
num desatino
um desafio

ando só
como um pássaro voando
ando só
como se voasse em bando
ando só
pois só eu sei andar
sem saber até quando
ando só

Roubando poesia!

realmente, não há perdedor nesse mundo. Só eu e o eu-lirico desse poema.

Poema em linha reta, de Fernando Pessoa

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.


E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.


Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...


Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,


Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?


Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?


Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

sábado, 14 de agosto de 2010

Aqui, algumas palavras

Dois meses, exatos dois meses sem postar algo,sem copiar qq verso q mostrasse uma atualização do blog ou uma leitura sobre alguma coisa. Por que a preguiça rouba minha vontade, meu desejos,minhas palavras? Creio q já escrevi isso por ai...

São tantas coisas q fiz e q aconteceram comigo q teria q criar outros blogs p narrar, descrever e detalhar. Apanhei(uma covardia), viajei(tomei banho nu na praia d nudismo,dps narro essa experiência), o carro quebrou varias vezes, perdi dinheiro, ganhei dinheiro, ganhei amores,perdi amores, alguns nunca sei, ganhei emprego perdi emprego, queimou o lap top, consertei o pc d ksa.Ufa, são tantas antíteses, tantos paradoxos quem me fazem sempre dizer q a vida é linda por essas voltas(e outras coisitas mais) q ela dá.

Poderia continuar a citar as coisas q ñ me deixam escrever, os ladrões das minhas digitais. Mas creio q no fundo isso faz parte de minha personalidade, mas qual delas?

Hj resolvi escrever,apenas escrever..Nda elaborado, mt pensado. Apenas soltar palavras apenas, palavras pequenas.....

segunda-feira, 14 de junho de 2010

roubando uma música...

O poema que postei é o resultado de minha indignação diante de tantos acontecimentos brutais, envolvendo as pessoas que se amam e se matam.

Leitura que também me possibilitou postar esta música do Chico Buarque.

Mulheres de Atenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Vivem pros seus maridos
Orgulho e raça de Atenas

Quando amadas se perfumam
Se banham com leite, se arrumam
Suas melenas
Quando fustigadas não choram
Se ajoelham, pedem imploram
Mais duras penas, cadenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Sofrem pros seus maridos
Poder e força de Atenas

Quando eles embarcam soldados
Elas tecem longos bordados
Mil quarentenas
E quando eles voltam, sedentos
Querem arrancar, violentos
Carícias plenas, obscenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Despem-se pros maridos
Bravos guerreiros de Atenas

Quando eles se entopem de vinho
Costumam buscar um carinho
De outras falenas
Mas no fim da noite, aos pedaços
Quase sempre voltam pros braços
De suas pequenas, Helenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Geram pros seus maridos
Os novos filhos de Atenas

Elas não têm gosto ou vontade
Nem defeito, nem qualidade
Têm medo apenas
Não tem sonhos, só tem presságios
O seu homem, mares, naufrágios
Lindas sirenas, morenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Temem por seus maridos
Heróis e amantes de Atenas

As jovens viúvas marcadas
E as gestantes abandonadas, não fazem cenas
Vestem-se de negro, se encolhem
Se conformam e se recolhem
As suas novenas
Serenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Secam por seus maridos
Orgulho e raça de Atenas

um poema circunstancial e de espanto.....

Desamantes

O coração fica deserto, o amor mais ainda.
O povo ama, a tv inflama, os casais brigam:
É tiro, é faca, é afogamento, é porrada,
é bala, é arma, é xingamento, é sina.

Onde essas mulheres encontram esses homens?
Que máscaras usam os seus homens:
de Amantes?
de Errantes?
de Possessivos?
de De
li
ran
t
e
s?

ou são Mulheres sem chances?

Humanos demasiadamente desamantes....

de Jorge Edson S. Borja

domingo, 23 de maio de 2010

Jagunço atirando mais um poema

Jagunçada, segue um tiro de redondilha maior. Aspecto bem marcante de nossa terra rachada....a redondilha ou o tiro?

Azar

Acordei naquele sete
e na sorte levei fé
me vi coberto de terra.
A morte puxando o pé.

abraços...quem quiser pd completar o tiroteio...

domingo, 9 de maio de 2010

Dia das mães:crítica e poema

9 de maio de 2010, segundo domingo do mês, comemorou-se o dia das mães.

A segunda data comercial mais importante do país. e é a isso q se resume: mais uma data comercial.

Roupas,chips,celulares, eletrônicos,eletrodomésticos e rosas servem como demosntração de carinho e de afeto, mas será q precisamos de uma data p tratar bem nossas mães e nossos pais? Uma data p fazer visita, churrasco, eventos e dps sumir o resto do ano até a próxima data comercial/afetiva?



As mães são mães todo dia. As mães, cmo todo outro ser humano, devem ser bem tratadas diariamente, presenteadas qdo sentimos vontade, "parabenizadas" pelo carinho e cuidado dedicados durante vários anos.Não precisamos de uma data.



Odeio ser obrigado, por uma questão de educação, parabenizar alguém por um dia que não deveria existir. Parabenizar gente q não conheço só pq ela é mãe. Ou dizer q amo a minha mãe apenas nesse dia.



O cotidiano que demontrará se vc realmente ama sua mãe e se essa mulher é realmente mãe.

Muitos filhos visitaram suas mães,mas não levam as mesmas p passear em outras datas, não dizem q amam em outros dias. E ai necessitam de uma data. Tão superficial quanto comercial.



Se vc é mãe e está lendo esse texto, saiba q vc é um dos seres mais importantes do mundo por poder gerar uma criança e não por uma data criada por João Doria na primeira metade do século XX.

Abaixo a essa data e a tdas as datas "comerciocomemorativas".



O amor entre mães e filhos deve viver e ser cultivado td dia.

Por isso, td vez q saio d casa, dou meu bjo na minha mãe querida, guerreira e linda que nas simples coisas e atitudes diz q me ama.



a Marilia Cristina Sabaraense























Mãe e eu


Mãe, aprendi a te amar,
a aceitar seus vícios
apagar seu cigarro
a pagar sua cerveja.


Mãe, aprendi a te amar
embora nunca me disseste te amo
Quero ver seu sorriso, ter seu carinho
(que demonstra mais quando bebe).


Tudo bem.


Mãe, aprendi que,
em breve, você e eu iremos
nos ausentar um
da presença do outro.



Por isso,

Mãe, vamos beber juntos
mãe, vamos rir unidos

Tininha, te amo,

Mesmo você não me dizendo.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Jagunço tb sabe atirar! Um poema meu...

Desvio da solidão

As pessoas não mudam os seus caminhos
(as pessoas não saem de seus destinos).
Todos, juntos , podem pegar o 945,
mas preferem, sozinhos, ir de 485.

Porém, estão unidos em horas cruciais:
na eleição, nos impostos, nas necessidades.
Só que as pessoas não desviam de seus lamançais
Todos são solitários da unida cidade.

Todos estão unidos no jogo da seleção
de futebol, é claro. No carnaval, natal
(pequenas exceções, todos são cristãos),
entretanto, ninguém desvia do seu canal.

As pessoas não desviam dos seus caminhos.
Só eu? Tem mais alguém? só eu
prefiro pegar em vez de um, cinco,
a ir sozinho pelo imenso e infinito breu.

(Jorge Edson - em algum dia de 2008)

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Intertextualidade: um roubo acadêmico

"Negro drama, entre o sucesso e a lama"

A intertextualidade ocorre quando há a relação/diálogo entre dois ou mais texto. Ideias, temas, personagens etc são elementos q um novo texto "rouba" do outro.
E, pegando carona na indicação do romance na postagem anterior, indico as músicas do grupo de rap paulista Racionais mc`s. Oriundos também do Capão Redondo, o grupo dialoga com o livro do Ferréz, possibilitando uma maior discussão e diversidade sobre os temas abordados nos dois gêneros textuais.

Ler o livro e ouvir a música permitem uma aula de literatura sensacional.

Segue uma letra (pd haver erros na transcrição da letra (ñ os de variação linguística) por ter sido retirada da internet)

Jesus Chorou...
O que é o que é??
Clara e salgada, cabe em um olho e pesa uma tonelada...tem sabor de mar,
pode ser discreta, inquilina da dor, morada predileta....na calada ela vem, refém da vingança, irmã do desespero, rival da esperança... pode ser causada por vermes e mundanas...e o espinho da flor, cruel que vc
ama, amante do drama, vem pra minha cama, por querer, sem me perguntar
me fez sofrer...e eu que me julguei forte...e eu que me senti...serei um fraco, qdo outras delas vir..se o barato é louco e o processo é lento...no momento...deixa eu caminhar contra o vento...o que adianta eu ser durão e o coração ser vulnerável...o vento não, ele é suave, mas
é frio e implacável....(é quente) borrou a letra triste do poeta (só) .....correu no
rosto pardo do profeta...verme sai da reta...a lágrima de um homem vai cair...esse é o seu B.O. pra eternidade...diz que homem não chora...ta bom, falou...não vai pra grupo irmão ai .... JESUS CHOROU ! ! !
Porra vagabundo óh, vou te falar, tô chapando...eita mundo bom de acabar....o que fazer qdo a fortaleza tremeu...e quase tudo ao seu redor, melhor, se corrompeu...(epa pera lá, muita calma ladrão, cadê o espírito imortal do Capão?? lave o rosto nas águas sagradas da pia, nada como um dia após o outro dia...sou eu seu lado direito, tá balado pq veio, negô, é desse jeito)...Durmo mal, sonho quase a noite inteira, acordo penso, acordo com olheira, na mente sensação de mágoa e
rancor...uma fita me abalou na noite anterior...Alô!! (Ae dorme em doidão, mil fita acontecendo e cê ai)...que horas são?? (meio dia e vinte ó..a fita é o seguinte ó....não é isqueirando não ó, fita de mil grau, ontem eu tava ali de CB, no peão, com um truta firmezão, cê tem que conhecer, se vc liga ele vai saber de repente, ele fazia até um Rap no passado recente...vai vendo a fita, se naum acredita, quando tem que se é Jão, presta atenção, vai vendo...parei pra fumar um de remédio,
com uns muleque lá e pá, trafica nos prédios...o que chegou depois, pediu pra dar uns 2...logo, um patrício ó, novão e os caráio...fumaça vai, fumaça vem hein chapou o côco, se abriu que nem uma flor, ficou louco...tava eu mais dois truta e uma mina num tempra prata show filmado ouvindo Guina...o bico se atacou ó, falou uma pá do cê)...tipo o que??
(Esse Brown aí é cheio de querer ser, deixa ele moscar e cantar na quebrada, vamo ver se é isso tudo qdo ver as quadrada, periferia nada, só pensa nele mesmo, montado no dinheiro e vcs aí no veneno...e a cara dele truta?? cada um no seu corre, durmo pelas veia, uns mata, outros morrem...eu mesmo se eu catar voa numa hora dessa, vou me destacar do
outro lado de pressa, vou comprar uma house de boy depois alugo, vão me chamar de senhor...não confundo... mas pra ele só a zona sul que é a pa... diz que ele tira nós, nossa cara é cobrar...o que ele quiser nós quer, vem que tem, pq eu naum pago pau pra ninguém...E eu?? só registrei né, não era de lá, os manos tudo só ouviu, ninguém falou um A)...Quem tem boca fala o que quer pra ter nome, pra ganhar atenção das muié e/ou dos homens...amo minha raça, luto pela cor, o que quer que eu faça é por nós, por amor, naum entende o que eu sou, não entende o que eu faço, não entende a dor e as lágrimas do
palhaço...mundo em decomposição por um triz, transforma um irmão meu em um verme infeliz...e a minha mãe diz: Paulo acorda, pensa no futuro que isso é ilusão, os proprio preto não tá nem ai com isso não, olha o tanto que eu sofri, que eu sou, o que eu fui, a inveja mata um, tem muita gente ruim...Pô mãe não fala assim que eu nem durmo, meu amor pela
senhora já não cabe em Saturno, dinheiro é bom, quero sim se essa é a pergunta, mas dona Ana fez de mim um homem e não uma puta...ei vc, seja lá quem for, pra semente eu não vim, então, sem terror ...inimigo invisível, Judas incolor, perseguido eu já nasci, demorou...apenas por 30 moedas o irmão corrompeu, atire a primeira pedra quem tem rastro meu...cadê meu sorriso?? onde ta?? quem roubou??
é...humanidade é má, e até Jesus Chorou...Lágrimas...Lágrimas...Jesus Chorou....vermelho e azul, hotel, pisca só luz, nos escuros do céu...Chuva cai lá fora e aumenta o ritmo, sozinho eu sou agora o meu inimigo intimo...lembranças más vem, pensamentos bons vai...me ajude, sozinho penso merda pra caráio...gente que acredito, gosto e admiro, brigava por justiça e em paz levou tiro: Malcon X, Ghandi, Lennon, Marvin Gaye, Che Guevara, Tupac, Bob Marley e o evangélico Martin
The King...lembrei de um truta falar assim: naum joga pérolas ao porco irmão, jogue lavagem eles preferem assim, se tem de usar piolhagem?? Cristo que morreu por milhões, mas só andou com apenas 12 e um fraquejou...periferia...corpos vazios e sem ética lotam os pagodes rumo a cadeira elétrica...eu sei vc sabe o que é frustação...máquina de fazer vilão...eu penso mil fita, vou enlouquecer...e o piolho diz assim qdo me vê: (famoso pra karáio, durão, ih truta...faz seu mundo não Jão,
hã, a vida é curta...só modelo por ai dando boi, põe elas pra chupar e manda andar depois...rasgar as madrugadas só de mil e cem..se sou eu truta hã, tem pra ninguém...Zé Povinho é o Cão, tem esses defeitos, cê tendo ou naum cresce os zóio de qualquer jeito...cruzar se arrebentar, de repentemente vai, de ponto quarenta, se querer tá no pente)...se só
de pensar em matar já matou, prefiro ouvir o pastor: Filho meu, não inveje o homem violento e nem siga nenhum dos seus caminhos...
Lágrimas...molha a medalha de um vencedor...chora agora ri depois, ae, Jesus Chorou...Lágrimas

Roubando romance!


Eu, jagunço da baixada fluminese, vim aqui indicar um romance que li pela segunda vez essa semana. Esse romance apresenta diversas histórias de personagens tão reais e tão sofredores, moradores do Capão Redondo, favela na zona sul de São Paulo, mas q poderia existir em qq outra comunidade do Brasil: seus desejos, críticas, desesperanças....

O romance chama-se Capão Pecado, do autor Ferréz. Rael, Paulo, Matcherros, Capachão, Burgos são alguns dos personagens marcantes dessa obra que mostra, logo dps da capa, um convite intrigante:
"Querido sistema", vc pode até não ler,mas tudo bem, pelo menos viu a capa."

Sobre o autor visitem o blog e o universo do autor Ferrez: blog: ferrez.blogspot.com; pág: www. ferrez.com.br

O autor carrega em seu nome um pouco da ideologia desse blog.Ferréz é um híbrido de Virgulino Ferreira (Ferre) e Zumbi dos Palmares (Z) e uma homenagem a heróis populares brasileiros.



Roubando poesia!

Sexta-feira
(Marina Colasanti)

Sexta-feira à noite
Os homens acariciam o clitóris das esposas
Com dedos molhados de saliva.
O mesmo gesto com que todos os dias
Contam dinheiro, papéis, documentos
E folheiam nas revistas
A vida dos seus ídolos.
Sexta-feira à noite
Os homens penetram suas esposas
Com tédio e pênis.
O mesmo tédio com que todos os dias
Enfiam o carro na garagem
O dedo no nariz
E metem a mão no bolso
Para coçar o saco.
Sexta-feira à noite
Os homens ressonam de borco
Enquanto as mulheres no escuro
Encaram seu destino
E sonham com o príncipe encantado.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Outras coisitas mais: a escola e os personagens

Uma aluna enviou-me duas reportagens que abordam os comportamentos nas escolas e me pediu p tecer alguns comentários. Aproveitando a oportunidade e diante de tantos acontecimentos envolvendo a relação prof/aluno, resolvi postá-las aqui.
Agradeço à aluna Marcela por ter enviado o material e peço desculpas aos leitores por não apresentar os autores,as datas das reportagens assim como os veículos nos quais foram divulgados já ñ recebi o material c essas indicações. Mas acredito na veracidade das matérias.
Primeira reportagem
Adolescente alega ter sido ofendida e admite ter empurrado a educadora

A adolescente de 15 anos acusada de agredir, nesta segunda-feira (23), uma professora da rede estadual em um colégio da zona norte de Porto Alegre disse que não está arrependida do ocorrido. Glaucia Teresinha Souza da Silva, 25 anos, teve traumatismo craniano e precisou ser internada.

A estudante foi levada para a Delegacia da Criança e do Adolescente Infrator da Capital para dar sua versão do fato. Ela deverá ser autuada por lesão corporal.

"Meu primo deixou cair um chá da professora, e ela jogou o resto em cima dele. Quando bateu para o último período, fui falar com a professora, mas ela fechou a porta na minha cara. Chamei ela de ignorante e virei as costas, mas alguns colegas ficaram tumultuando, xingaram ela, botaram o pé na porta dela", afirma
A aluna conta que depois a professora foi até a sua sala de aula e a mandou pegar seu material e ir para a direção. "Eu respondi que não ia, que ela não era minha professora e não podia falar comigo daquela maneira. Que só iria se pedisse com educação ou se a diretora viesse", diz.


Segundo a estudante, a professora disse que isso era "coisa de gente gorda, maloqueira e vileira". "Nunca ninguém falou isso pra mim. Aí eu fui pra cima dela. Peguei ela pelo cabelo, ela caiu. Outros alunos tentaram separar. Sempre fui esquentada, mas nunca tinha agredido ninguém", afirma a aluna.

A adolescente admite que já havia se envolvido em outro problema na escola, quando xingou a diretora. "Mas nunca agredi nenhum professor. Foi a primeira vez."

Sem arrependimento

Apesar do traumatismo sofrido pela professora, que chegou a desmaiar, a adolescente diz que não está arrependida. "Não me arrependo do que fiz. Se tivesse de fazer de novo, eu faria. A professora não podia ter falado comigo daquele jeito."


Sobre a primeira reportagem.
Indiscutivelmente o ambiente escolar deve ser um lugar onde as relações amigáveis precisam existir.
Isso não deve ocorrer por insegurança ou medo por parte dos professores em relação ao comportamento violento de alguns alunos. E, sim, porque uma relação de amizade entre as pessoas envolvidas em qualquer atividade pode possibilitar maiores chances de sucesso.
E para que haja sucesso no processo de ensino-aprendizagem, professores e alunos devem manter uma relação cordial. Como em toda amizade há cooperação, docentes e discentes poderão tornar o espaço escolar um ambiente agradável através da reciprocidade entre eles.
Não obstante, algumas correntes da pedagogia e da psicologia educacional defendem a presença da amizade no meio educacional.

Segunda reportagem
A educação nova para um tempo que muda sempre pressupõe levar...
A educação nova para um tempo que muda sempre pressupõe levar em conta as pessoas que convivem na escola. Nesse sentido, uma relação professor-aluno deve também ser renovada, em que valores como amizade tornem-se presentes e vividos por todos. A sala de aula não pode ser nem uma jaula e nem um picadeiro, isto é, o professor não pode confundir autoridade com autoritarismo, tornando-se, muitas vezes, inimigo ou adversário dos alunos, nem muito menos ser um palhaço, em que a sala de aula torna-se um espaço sem rumo e sem direção, com um espontaneísmo que não leva a lugar nenhum. É preciso construir relações de companheirismo na escola, em que o saber e a vida são compartilhados. Inteligentes, devem se abrir a isso.
Muitos filósofos, cada um a sua maneira, dedicaram parte seus pensamentos a refletir sobre a amizade. Aristóteles prezava-a particularmente, colocando-a acima do amor, que ele tendia a desvalorizar e a associar ao prazer e ao erotismo. Epicuro, por seu lado, inscreveu a amizade numa filosofia de vida em que a cumplicidade, a solidariedade, a simpatia ou o prazer partilhado eram importantes. Diz ele: "de todas as coisas que nos oferece a sabedoria para a felicidade de toda a vida, a maior é a aquisição da amizade". Segundo o filósofo francês Voltaire, a amizade é como um tipo de sociedade ou vínculo que os indivíduos estabelecem entre si, procurando encontrar uns nos outros qualidades úteis e agradáveis, necessárias para a sua felicidade


Segunda reportagem
A reportagem “Aluna alega ter ...” apresenta um problema de total desrespeito da professora. A atitude tomada por ela, segundo a aluna, não corresponde a nenhum ser humano, muito menos a um profissional em seu ambiente de trabalho, sendo ele uma escola ou não.
A professora por ser mais velha e por ter poder dentro da escola deveria dialogar e não confundir autoridade com autoritarismo.
A agressão da aluna não mostra que todos os alunos estejam violentos ou mal educados. Essa reação é conseqüência de um processo histórico-social no qual a aluna está inserida. Não é uma reação aceitável, mas justificável. Cabe à sociedade,assim como à escola, orientar as atitudes dos adolescentes.

Roubando música!

Ouvi nesses dois meses muitas músicas novas e de estilos musicais diferentes, mas a música q qro roubar dessa vez continua sendo uma antiga. Ela representa melhor o momento:

Por enquanto

Mudaram as estações
e nada mudou
mas eu sei
que alguma coisa aconteceu
está tudo assim tão diferente

Se lembra quando a gente
chegou um dia a acreditar
que tudo era pra sempre
sem saber
que o pra sempre
sempre acaba

Mas nada vai
conseguir mudar o que ficou
quando penso em alguém
só penso em você
e aí então estamos bem

mesmo com tantos motivos
pra deixar tudo como está
e nem desistir, nem tentar
agora tanto faz
estamos indo de volta pra casa.

Legião Urbana...álbum Legião Urbana

Roubaram minhas forças, minhas ideias..ah, eu sou paradoxal

Os milhares de leitores que leram e gostaram do meu blog cmo também os que ñ gostaram perguntaram-me pq ñ postei mais nada depois de ter prometido, semanalmente, colocar algo novo nas sessões q crie.
As respostas são simples. Eu sou paradoxal.
Da mesma forma q gosto de ter um mesmo lugar p ir semanalmente por outro lado prefiro ñ ir mais nesse lugar. Não gosto da repetição, da monotonia, da obrigação de estar sempre escrevendo, sempre estudando,sempre fazendo a mesma coisa. Mesmo quando faço.

Tudo isso é verdade. No entanto, faço um alerta: ROUBARAM MINHAS FORÇAS, ROUBARAM MINHAS IDEIAS.

Dizem q quem rouba ladrão tem cem anos de perdão. Como sou jagunço, aqueles q levaram tda minha vontade de escrever através do roubo terão cem anos d pecados não computados por Deus.
Mas devemos perdoar esse ladrão q retira de mim e das pessoas a vontade de se expressar,de escrever,de criar?
Quem são eles? Quem eles pensam q são? Diz Humberto Gessinger na música "Terceira do plural", está no álbum Surfando Karmas e Dna, Engenheiros do Hawaii.

Pode ser a preguiça presente nos seres humanos? É uma preguiça pré-fabricada.

Digo a vcs: a preguiça e o ladrão têm nomes: a mídia, a tv Globo, a Record, o maravilhoso futebol, a cerveja gelada na esquina cmo se espantasse o mal (diz O rappa), a academia (estou tratando da estética corporal); são as noitadas, as festas, as músicas; o carro, o dinheiro.
E, continuamos achando q enquanto tivermos tudo isso ñ precisamos escrever,estudar, expressar nossas ideias....
Dessa vez ñ irei prometer datas e períodos. Quando der na telha, na mente, no dedo, eu volto e escrevo algo...mas meus milhares de leitores ñ se preocupem, eu estou cmo o Oswald de Andrade:
Vagamundeando.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Roubando conto!

Jagunço high-tech é a contradição em pessoa, ou melhor, em palavras. Como contraditória é nossa sociedade e contráditório é o ser humano.

Machado de Assis antes mesmo de Freud explicar já apontava a duplicidade do ser em diversos de seus textos.Por isso, roubo o conto A igreja do Diabo p leitura semanal e exemplo dessa contradição.

A igreja do Diabo
Machado de Assis
Capítulo I

De uma idéia mirífica

Conta um velho manuscrito beneditino que o Diabo, em certo dia, teve a idéia de fundar uma igreja. Embora os seus lucros fossem contínuos e grandes, sentia-se humilhado com o papel avulso que exercia desde séculos, sem organização, sem regras, sem cânones,sem ritual, sem nada. Vivia, por assim dizer, dos remanescentes divinos, dos descuidos e obséquios humanos. Nada fixo, nada regular. Por que não teria ele a sua igreja? Uma igreja do Diabo era o meio eficaz de combater as outras religiões, e destruí-las de uma vez.
— Vá, pois, uma igreja, concluiu ele. Escritura contra Escritura, breviário contra breviário. Terei a minha missa, com vinho e pão à farta, as minhas prédicas, bulas, novenas e todo o demais aparelho eclesiástico. O meu credo será o núcleo universal dos espíritos, a minha igreja uma tenda de Abraão. E depois, enquanto as outras religiões se combatem e se dividem, a minha igreja será única; não acharei diante de mim, nem Maomé, nem Lutero.Há muitos modos de afirmar; há só um de negar tudo.
Dizendo isto, o Diabo sacudiu a cabeça e estendeu os braços, com um gesto magnífico e varonil. Em seguida, lembrou-se de ir ter com Deus para comunicar-lhe a idéia, e desafiá-lo; levantou os olhos, acesos de ódio, ásperos de vingança, e disse consigo:
— Vamos, é tempo. E rápido, batendo as asas, com tal estrondo que a balou todas as províncias do abismo, arrancou da sombra para o infinito azul.

Capítulo II
Entre Deus e o Diabo

Deus recolhia um ancião, quando o Diabo chegou ao céu. Os serafins que engrinaldavam o recém-chegado, detiveram-se logo, e o Diabo deixou-se estar à entrada com os olhos no Senhor.
— Que me queres tu? perguntou este.
— Não venho pelo vosso servo Fausto, respondeu o Diabo rindo, mas por todos os Faustos do século e dos séculos.
— Explica-te.
— Senhor, a explicação é fácil; mas permiti que vos diga: recolhei primeiro esse bom velho; dai-lhe o melhor lugar, mandai que as mais afinadas cítaras e alaúdes o recebam com os mais divinos coros...
— Sabes o que ele fez? perguntou o Senhor, com os olhos cheios de doçura.
— Não, mas provavelmente é dos últimos que virão ter convosco. Não tarda muito que o céu fique semelhante a uma casa vazia, por causa do preço, que é alto. Vou edificar uma hospedaria barata; em duas palavras, vou fundar uma igreja. Estou cansado da minha desorganização, do meu reinado casual e adventício. É tempo de obter a vitória final e completa. E então vim dizer-vos isto, com lealdade, para que me não acuseis de dissimulação... Boa idéia, não vos parece?
— Vieste dizê-la, não legitimá-la, advertiu o Senhor.
— Tendes razão, acudiu o Diabo; mas o amor-próprio gosta de ouvir o aplauso dos mestres. Verdade é que neste caso seria o aplauso de um mestre vencido, e uma tal exigência... Senhor, desço à terra; vou lançar a minha pedra fundamental.
— Vai.
— Quereis que venha anunciar-vos o remate da obra?
— Não é preciso; basta que me digas desde já por que motivo, cansado há tanto da tua desorganização, só agora pensaste em fundar uma igreja.
O Diabo sorriu com certo ar de escárnio e triunfo. Tinha alguma idéia cruel no espírito, algum reparo picante no alforje de memória, qualquer coisa que, nesse breve instante de eternidade, o fazia crer superior ao próprio Deus. Mas recolheu o riso, e disse:
— Só agora concluí uma observação, começada desde alguns séculos, e é que as virtudes, filhas do céu, são em grande número comparáveis a rainhas, cujo manto de veludo rematasse em franjas de algodão. Ora, eu proponho-me a puxá-las por essa franja, e trazê-las todas para minha igreja; atrás delas virão as de seda pura...
— Velho retórico! murmurou o Senhor.
— Olhai bem. Muitos corpos que ajoelham aos vossos pés, nos templos do mundo, trazem as anquinhas da sala e da rua, os rostos tingem-se do mesmo pó, os lenços cheiram aos mesmos cheiros, as pupilas centelham de curiosidade e devoção entre o livro santo e o bigode do pecado. Vede o ardor, — a indiferença, ao menos, — com que esse cavalheiro põe em letras públicas os benefícios que liberalmente espalha, — ou sejam roupas ou botas, ou moedas, ou quaisquer dessas matérias necessárias à vida... Mas não quero parecer que me detenho em coisas miúdas; não falo, por exemplo, da placidez com que este juiz de irmandade, nas procissões, carrega piedosamente ao peito o vosso amor e uma comenda...Vou a negócios mais altos...
Nisto os serafins agitaram as asas pesadas de fastio e sono. Miguel e Gabriel fitaram no Senhor um olhar de súplica. Deus interrompeu o Diabo.
— Tu és vulgar, que é o pior que pode acontecer a um espírito da tua espécie, replicou-lhe o Senhor. Tudo o que dizes ou digas está dito e redito pelos moralistas do mundo. É assunto gasto; e se não tens força, nem originalidade para renovar um assunto gasto, melhor é que te cales e te retires. Olha; todas as minhas legiões mostram no rosto os sinais vivos do tédio que lhes dás. Esse mesmo ancião parece enjoado; e sabes tu o que ele fez?
— Já vos disse que não.
— Depois de uma vida honesta, teve uma morte sublime. Colhido em um naufrágio, ia salvar-se numa tábua; mas viu um casal de noivos, na flor da vida, que se debatiam já com a morte; deu-lhes a tábua de salvação e mergulhou na eternidade. Nenhum público: a água e o céu por cima. Onde achas aí a franja de algodão?
— Senhor, eu sou, como sabeis, o espírito que nega.
— Negas esta morte?
— Nego tudo. A misantropia pode tomar aspecto de caridade; deixar a vida aos outros, para um misantropo, é realmente aborrecê-los...
— Retórico e sutil! exclamou o Senhor. Vai, vai, funda a tua igreja; chama todas as virtudes, recolhe todas as franjas, convoca todos os homens... Mas, vai! vai!
Debalde o Diabo tentou proferir alguma coisa mais. Deus impusera-lhe silêncio; os serafins, a um sinal divino, encheram o céu com as harmonias de seus cânticos. O Diabo sentiu, de repente, que se achava no ar; dobrou as asas, e, como um raio, caiu na terra.

Capítulo III
A boa nova aos homens

Uma vez na terra, o Diabo não perdeu um minuto. Deu-se pressa em enfiar a cogula beneditina, como hábito de boa fama, e entrou a espalhar uma doutrina nova e extraordinária, com uma voz que reboava nas entranhas do século. Ele prometia aos seus discípulos e fiéis as delícias da terra, todas as glórias, os deleites mais íntimos. Confessava que era o Diabo; mas confessava-o para retificar a noção que os homens tinham dele e desmentir as histórias que a seu respeito contavam as velhas beatas.
— Sim, sou o Diabo, repetia ele; não o Diabo das noites sulfúreas, dos contos soníferos, terror das crianças, mas o Diabo verdadeiro e único, o próprio gênio da natureza, a que se deu aquele nome para arredá-lo do coração dos homens. Vede-me gentil e airoso. Sou o vosso verdadeiro pai. Vamos lá: tomai daquele nome, inventado para meu desdouro, fazei dele um troféu e um lábaro, e eu vos darei tudo, tudo, tudo, tudo, tudo, tudo...
Era assim que falava, a princípio, para excitar o entusiasmo, espertar os indiferentes, congregar, em suma, as multidões ao pé de si. E elas vieram; e logo que vieram, o Diabo passou a definir a doutrina. A doutrina era a que podia ser na boca de um espírito de negação. Isso quanto à substância, porque, acerca da forma, era umas vezes sutil, outras cínica e deslavada.
Clamava ele que as virtudes aceitas deviam ser substituídas por outras, que eram as naturais e legítimas. A soberba, a luxúria, a preguiça foram reabilitadas, e assim também a avareza, que declarou não ser mais do que a mãe da economia, com a diferença que a mãe era robusta, e a filha uma esgalgada. A ira tinha a melhor defesa na existência de Homero; sem o furor de Aquiles, não haveria a Ilíada: "Musa, canta a cólera de Aquiles, filho de Peleu..."
O mesmo disse da gula, que produziu as melhores páginas de Rabelais, e muitos bons versos de Hissope; virtude tão superior, que ninguém se lembra das batalhas de Luculo, mas das suas ceias; foi a gula que realmente o fez imortal. Mas, ainda pondo de lado essas razões de ordem literária ou histórica, para só mostrar o valor intrínseco daquela virtude, quem negaria que era muito melhor sentir na boca e no ventre os bons manjares, em grande cópia, do que os maus bocados, ou a saliva do jejum? Pela sua parte o Diabo prometia substituir a vinha do Senhor, expressão metafórica, pela vinha do Diabo, locução direta e verdadeira, pois não faltaria nunca aos seus com o fruto das mais belas cepas do mundo.
Quanto à inveja, pregou friamente que era a virtude principal, origem de propriedades infinitas; virtude preciosa, que chegava a suprir todas as outras, e ao próprio talento.
As turbas corriam atrás dele entusiasmadas. O Diabo incutia-lhes, a grandes golpes de eloqüência, toda a nova ordem de coisas, trocando a noção delas, fazendo amar as perversas e detestar as sãs.
Nada mais curioso, por exemplo, do que a definição que ele dava da fraude. Chamava-lhe o braço esquerdo do homem; o braço direito era a força; e concluía: Muitos homens são canhotos, eis tudo. Ora, ele não exigia que todos fossem canhotos; não era exclusivista. Que uns fossem canhotos, outros destros; aceitava a todos, menos os que não fossem nada. A demonstração, porém, mais rigorosa e profunda, foi a da venalidade. Um casuísta do tempo chegou a confessar que era um monumento de lógica. A venalidade, disse o Diabo, era o exercício de um direito superior a todos os direitos. Se tu podes vender a tua casa, o teu boi, o teu sapato, o teu chapéu, coisas que são tuas por uma razão jurídica e legal, mas que, em todo caso, estão fora de ti, como é que não podes vender a tua opinião, o teu voto, a tua palavra, a tua fé, coisas que são mais do que tuas, porque são a tua própria consciência, isto é, tu mesmo? Negá-lo é cair no absurdo e no contraditório. Pois não há mulheres que vendem os cabelos? não pode um homem vender uma parte do seu sangue para transfundi-lo a outro homem anêmico? e o sangue e os cabelos, partes físicas, terão um privilégio que se nega ao caráter, à porção moral do homem?
Demonstrado assim o princípio, o Diabo não se demorou em expor as vantagens de ordem temporal ou pecuniária; depois, mostrou ainda que, à vista do preconceito social, conviria dissimular o exercício de um direito tão legítimo, o que era exercer ao mesmo tempo a venalidade e a hipocrisia, isto é, merecer duplicadamente.
E descia, e subia, examinava tudo, retificava tudo. Está claro que combateu o perdão das injúrias e outras máximas de brandura e cordialidade. Não proibiu formalmente a calúnia gratuita, mas induziu a exercê-la mediante retribuição, ou pecuniária, ou de outra espécie; nos casos, porém, em que ela fosse uma expansão imperiosa da força imaginativa, e nada mais, proibia receber nenhum salário, pois equivalia a fazer pagar a transpiração. Todas as formas de respeito foram condenadas por ele, como elementos possíveis de um certo decoro social e pessoal; salva, todavia, a única exceção do interesse. Mas essa mesma exceção foi logo eliminada, pela consideração de que o interesse, convertendo o respeito em simples adulação, era este o sentimento aplicado e não aquele.
Para rematar a obra, entendeu o Diabo que lhe cumpria cortar por toda a solidariedade humana. Com efeito, o amor do próximo era um obstáculo grave à nova instituição. Ele mostrou que essa regra era uma simples invenção de parasitas e negociantes insolváveis; não se devia dar ao próximo senão indiferença; em alguns casos, ódio ou desprezo. Chegou mesmo à demonstração de que a noção de próximo era errada, e citava esta frase de um padre de Nápoles, aquele fino e letrado Galiani, que escrevia a uma das marquesas do antigo regime: "Leve a breca o próximo! Não há próximo!" A única hipótese em que ele permitia amar ao próximo era quando se tratasse de amar as damas alheias, porque essa espécie de amor tinha a particularidade de não ser outra coisa mais do que o amor do indivíduo a si mesmo. E como alguns discípulos achassem que uma tal explicação, por metafísica, escapava à compreensão das turbas, o Diabo recorreu a um apólogo: — Cem pessoas tomam ações de um banco, para as operações comuns; mas cada acionista não cuida realmente senão nos seus dividendos: é o que acontece aos adúlteros. Este apólogo foi incluído no livro da sabedoria.

Capítulo IV
Franjas e franjas

A previsão do Diabo verificou-se. Todas as virtudes cuja capa de veludo acabava em franja de algodão, uma vez puxadas pela franja, deitavam a capa às urtigas e vinham alistar-se na igreja nova. Atrás foram chegando as outras, e o tempo abençoou a instituição. A igreja fundara-se; a doutrina propagava-se; não havia uma região do globo que não a conhecesse, uma língua que não a traduzisse, uma raça que não a amasse. O Diabo alçou brados de triunfo.
Um dia, porém, longos anos depois notou o Diabo que muitos dos seus fiéis, às escondidas, praticavam as antigas virtudes. Não as praticavam todas, nem integralmente, mas algumas, por partes, e, como digo, às ocultas. Certos glutões recolhiam-se a comer frugalmente três ou quatro vezes por ano, justamente em dias de preceito católico; muitos avaros davam esmolas, à noite, ou nas ruas mal povoadas; vários dilapidadores do erário restituíam-lhe pequenas quantias; os fraudulentos falavam, uma ou outra vez, com o coração nas mãos, mas com o mesmo rosto dissimulado, para fazer crer que estavam embaçando os outros.
A descoberta assombrou o Diabo. Meteu-se a conhecer mais diretamente o mal, e viu que lavrava muito. Alguns casos eram até incompreensíveis, como o de um droguista do Levante, que envenenara longamente uma geração inteira, e, com o produto das drogas, socorria os filhos das vítimas. No Cairo achou um perfeito ladrão de camelos, que tapava a cara para ir às mesquitas.
O Diabo deu com ele à entrada de uma, lançou-lhe em rosto o procedimento; ele negou, dizendo que ia ali roubar o camelo de um drogomano; roubou-o, com efeito, à vista do Diabo e foi dá-lo de presente a um muezim, que rezou por ele a Alá. O manuscrito beneditino cita muitas outras descobertas extraordinárias, entre elas esta, que desorientou completamente o Diabo. Um dos seus melhores apóstolos era um calabrês, varão de cinquenta anos, insigne falsificador de documentos, que possuía uma bela casa na campanha romana, telas, estátuas, biblioteca, etc. Era a fraude em pessoa; chegava a meter-se na cama para não confessar que estava são. Pois esse homem, não só não furtava ao jogo, como ainda dava gratificações aos criados. Tendo angariado a amizade de um cônego, ia todas as semanas confessar-se com ele, numa capela solitária; e, conquanto não lhe desvendasse nenhuma das suas ações secretas, benzia-se duas vezes, ao ajoelhar-se, e ao levantar-se. O Diabo mal pôde crer tamanha aleivosia. Mas não havia que duvidar; o caso era verdadeiro.
Não se deteve um instante. O pasmo não lhe deu tempo de refletir, comparar e concluir do espetáculo presente alguma coisa análoga ao passado. Voou de novo ao céu, trêmulo de raiva, ansioso de conhecer a causa secreta de tão singular fenômeno. Deus ouviu-o com infinita complacência; não o interrompeu, não o repreendeu, não triunfou, sequer, daquela agonia satânica. Pôs os olhos nele, e disse-lhe:
— Que queres tu, meu pobre Diabo? As capas de algodão têm agora franjas de seda, como as de veludo tiveram franjas de algodão. Que queres tu? É a eterna contradição humana.

Roubando música!

Jagunceiras e jagunceiros,

Roubando música é mais uma sessão desse blog onde colocarei uma música por semana. A escolha será por motivos diversos, dependendo do contexto. A primeira representa um pouco da ideologia presente nesse blog e na minha vida...Vamos roubar todos os espaços culturais por uma necessidade de termos voz...segue a letra:

Banditismo por uma quesão de classe, Chico Science e Nação Zumbi, álbum Da lama ao caos

Há um tempo atrás se falava em bandidos
Há um tempo se falava em solução
Há um tempo atrás se fala em progresso
Há tempo atrás que eu via televisão.

Galeguinho do Coque não tinha medo, não tinha
não tinha medo da perna cabeluda
Biu do Olho Verde fazia sexo,fazia
fazia sexo com seu alicate

Oi sobe morro, ladeira,córrego, beco, favela.
A polícia atrás deles e eles no rabo dela.
Acontece hoje, acontecia no sertão
quando um bando de macaco perseguia Lampião
e o que ele falava outros hoje ainda falam
"Eu carrego comigo: coragem, dinheiro e bala"
Em cada morro uma história diferente
que a polícia mata gente inocente.

E quem era inocente hoje já virou bandido
pra poder comer um pedaço de pão todo fodido.
Banditismo por pura maldade,
Banditismo por necessidade,
Banditismo por uma questão de classe!

Roubando poesia!

Lá vai nosso primeiro roubo poético..Toda semana roubaremos um...
Cecília Meireles

Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.

Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.

Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.

Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno e asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.

In: Antologia Poética. ed Nova Fronteira.

Jagunço high-tech?

Jagunço?
No nosso lindo e sofrível Nordeste, é perceptível a presença do jagunço em suas histórias reais, literárias ou lendárias.
O Jagunço era visto como um sujeito fora da lei, marginalizado, saqueador, matador, levando terror e ,ao mesmo tempo,levando segurança e um espírito libertador para um povo sofrido e desesperançoso.
Ele é uma mistura do bem com o mal, de herói e vilão, cmo era o nosso Virgulino Ferreira - Lampião e, acima de tudo, um exemplo de resistência e primitivismo.
E resistente era eu que ñ via no blog uma grande forma de comunicação, expressão e divulgação de textos e pensamentos. Primitivo era eu q ñ sabia mexer numa forma simples e que ainda ñ sei e nem saberei mt coisa sobre o infinito mundo da internet. Essa é uma leitura.
Outra leitura é que escolhi esse nome por causa da resistência dos cangaceiros, dos virgulinos, dos jagunceiros, do povo brasileiro a um sistema opressor, desumano, explorador. Sou jagunço primitivo pq ainda vejo na força da palavra, da educação e da cultura a resistência e o alicerce para termos uma sociedade mais justa, culta, respeitosa e de oportunidades iguais a todos.
É jagunço high-tech pq vivo numa sociedade paradoxal. Altas tecnologias, celulares com ferramentas q ñ sabemos usar nem a metade ('coisas q eu sei, eu compro aparelhos q eu ñ sei usar. eu já comprei'), tv em alta definição co-existindo com o analfabetismo funcional, a miséria e a mediocridade. Novos valores cmo a valorização do corpo, da imagem e do dinheiro vivem com os antigos e tão efervecentes amor ao próximo, solidariedade e amizade.
Vivo nesse paradoxo, inserido num mundo globalizado q se fecha cada vez mais em diversas ilhas de minorias e minorias. Sou um marginalizado tentando entrar no Tietê tecnológico das mídias, dos livros, da internet.
Jagunço high-tech é a síntese de um homem primitivo e moderno numa antítese.
Para você compreender melhor essa definição, ouça a música 'Caníbal vegetariano devora planta carnívora', do álbum GLM, da banda portoalegrense Engenheiros do Hawaii. Nela encontra-se o verso jagunço high-tech, além de conter um pouco da alma paradoxal desse sujeito aqui. Ah, que é fã dessa banda por demais.


Engenheiros do Hawaii
Canibal Vegetariano Devora Planta Carnívora
(Humbeto Gessinger E Augusto Licks)

eu tive um pesadelo
tive medo de não acordar
do alto de uma torre
eu vi a terra
em transe profundo
todo mundo era poeta
todo mundo era atleta
todo mundo era tudo
"DO IT YOURSELF", diziam
"O CÉU É' O LIMITE", acredite
é um pesadelo
não consigo acordar
eu tive um pesadelo
tive medo de não acordar
eram várias variáveis
um vírus voraz no computador
sem rumo:
na contramão do fim da estória
em resumo:
o sonho é OVER (OVERNIGHT)
é um pesadelo
não consigo acordar

O SUPRASUMO DA CONTRADIÇÃO
clichês inéditos
déja vu nunca visto
esquerda light
diet indigestão
jagunço hi-tech
perua low profile
cabelo vermelho Ferrari
jóia rara para a multidão
eu tive um pesadelo
tive medo de não acordar
tudo andava tão caído...
eu andava por aí
sem rumo:
sem rima nem refrão
em resumo:
não tive culpa nem perdão
eu tive um pesadelo
tive medo quando acordei
tudo faz sentido
agora que tudo acabou
o céu andava meio caído
antes mesmo de desabar
turistas vorazes
voyeur
levavam pra casa
desertos e oásis num vídeo k7
anjos em queda livre
o céu abaixo do nível do mar
foi só um pesadelo
um peso pesado caído na lona
! o castelo de areia desmorona !
(paz na terra em transe profundo)
foi só um pesadelo
paz
na terra
em transe
profundo

CONTRA A TRADIÇÃO: A CONTRADIÇÃO
overdose homeopática
ode ao que se fode
humildade
com "H" maiúsculo e dourado
enfant terrible veterano
calendário eterno
fuso anti-horário
luz difusa
confusa explicação
tara relax
safe sex
disneylândia dândi
a grande guerra
pantanal new age
bacanal cristão
fanatismo indeciso
fanática indecisão
em resumo:
ETC e tal...


Ainda teremos muitas palavras p não-definir e definir o porquê desse nome.
Sejam bem-vindos!

Banditismo por uma questão de classe!

Por que ter um blog?

Jagunceiras e jagunceiros, boa noite,

é com mt prazer q posto as primeias palavras em meu blog. Há mt tempo procuro vencer minha preguiça e minha inércia escrita com o objetivo de produzir algo construtivo. Pelo visto, comecei a luta. Resolvi criar um blog porque vi q ñ era difícil,rs, vi q passava mt tempo na internet sem fazer quase nda. Tb pq percebi q, cmo leitor e aspirante a escritor, ñ produzia nda. Com esse blog pretendo colocar meus poemas, minhas músicas, meus artigos acadêmicos, meus trabalhos realizados em sala de aula, assim cmo as produções dos meus alunos e mt mais.
O blog ( q vcs podem achar a coisa mais simples do mundo) é a chave principal das mudanças q pretendo realizar em minha vida. Mudanças q virão e q têm cmo alicerces os versos da rainha do rock brazuca: "Um belo dia resolvi mudar e fazer td q eu qria fazer. Me libertei daquela vida vulgar..." Pretendo fazer desse blog um espaço de discussão sobre qualquer tema relacionado ao ser humano, através de uma leitura ora literária (sem querer, já puxei sardinha p meu lado), ora ñ...sejam bem-vindos a esse mar de Rosa, d Ramos, de Cecília, d Leminsky, d Bandeira, d Drummond, d Georgina, de Dau, de Gens, de Secchin, de Lygia Bojunga, de Clarice, de Vinicius (pãozinho de mel), de Marcos Pasche, de Madureira( Daniel), de Roberval, de Mc Marcinho, de Chico Science, de Zeca Pagodinho e mt mais...