segunda-feira, 14 de junho de 2010

roubando uma música...

O poema que postei é o resultado de minha indignação diante de tantos acontecimentos brutais, envolvendo as pessoas que se amam e se matam.

Leitura que também me possibilitou postar esta música do Chico Buarque.

Mulheres de Atenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Vivem pros seus maridos
Orgulho e raça de Atenas

Quando amadas se perfumam
Se banham com leite, se arrumam
Suas melenas
Quando fustigadas não choram
Se ajoelham, pedem imploram
Mais duras penas, cadenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Sofrem pros seus maridos
Poder e força de Atenas

Quando eles embarcam soldados
Elas tecem longos bordados
Mil quarentenas
E quando eles voltam, sedentos
Querem arrancar, violentos
Carícias plenas, obscenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Despem-se pros maridos
Bravos guerreiros de Atenas

Quando eles se entopem de vinho
Costumam buscar um carinho
De outras falenas
Mas no fim da noite, aos pedaços
Quase sempre voltam pros braços
De suas pequenas, Helenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Geram pros seus maridos
Os novos filhos de Atenas

Elas não têm gosto ou vontade
Nem defeito, nem qualidade
Têm medo apenas
Não tem sonhos, só tem presságios
O seu homem, mares, naufrágios
Lindas sirenas, morenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Temem por seus maridos
Heróis e amantes de Atenas

As jovens viúvas marcadas
E as gestantes abandonadas, não fazem cenas
Vestem-se de negro, se encolhem
Se conformam e se recolhem
As suas novenas
Serenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Secam por seus maridos
Orgulho e raça de Atenas

um poema circunstancial e de espanto.....

Desamantes

O coração fica deserto, o amor mais ainda.
O povo ama, a tv inflama, os casais brigam:
É tiro, é faca, é afogamento, é porrada,
é bala, é arma, é xingamento, é sina.

Onde essas mulheres encontram esses homens?
Que máscaras usam os seus homens:
de Amantes?
de Errantes?
de Possessivos?
de De
li
ran
t
e
s?

ou são Mulheres sem chances?

Humanos demasiadamente desamantes....

de Jorge Edson S. Borja